domingo, 23 de março de 2014

Resistências ao Papa

Papa Francisco na varanda de S. Pedro após a eleição
Foto: REUTERS/Osservatore Romano tirada de Euronews
Há um ano achava-se que a “lua-de-mel” do Papa não duraria tanto tempo. Mas doze meses após o início do seu ministério como Bispo de Roma, continua em alta a sua popularidade mediática.

Em Junho de 2012 a Santa Sé escolheu Greg Burke, um jornalista norte-americano que era correspondente da televisão “Fox News”, para assessorar a Secretaria de Estado do Vaticano na área da comunicação social. Tendo iniciado essa função com Bento XVI, continua a desempenhá-la com o atual Papa. Contudo, não será só ao seu trabalho que se deve o sucesso mediático do Papa Francisco: o próprio Burke reconheceu numa entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera” que ele é “politicamente incorreto”, mas tem revelado uma grande capacidade para comunicar as suas ideias aos fiéis. E ironiza: “As imagens do Papa deviam ter um aviso como os maços de cigarros – 'Perigo! Este homem pode mudar a sua vida'”.

São inúmeros os testemunhos em todo o mundo de pessoas que se deixaram contagiar, ao longo deste ano, pelo já denominado “efeito Francisco” – e voltaram à Igreja e à prática religiosa.

Ao fim de um ano “a dita lua-de-mel com as pessoas continua, sinal de que não era uma simpatia efémera” gerada pelo novo Papa e pelos seus gestos surpreendentes, escreveu Andrea Riccardi, um estudioso da História da Igreja Moderna e Contemporânea, num texto de opinião na revista italiana “Famiglia Cristiana”. No entanto “verificam-se resistências nos episcopados e no clero” ao discurso e gestos do Papa Francisco, adverte no mesmo texto. E numa entrevista ao “Vatican Insider” esclareceu que essas resistências provêm, sobretudo, daqueles setores que “não suportam uma menor insistência da pregação papal nos temas éticos”. E provêm também dos que têm responsabilidades no governo da Igreja, que se sentem postos em causa pela maneira como Jorge Bergoglio tem exercido o seu ministério. São aqueles a quem as pessoas questionam: “Porque não faz como o Papa?”

Ao longo destes doze meses, quem de nós, a quem foi confiada uma missão na vida da Igreja, não se questionou sobre os seus procedimentos, hábitos e rotinas, ao constatar o que o Papa diz e faz? Só se não prestámos a devida atenção às suas atitudes e palavras...

(Texto publicado no Correio da Manhã de 21/03/2014)

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