sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Escolas em rede

Foto retirada daqui
A Igreja não deve limitar-se a denunciar o que está errado, tem de comprometer-se na promoção de soluções para os problemas do mundo em que está inserida. Disso é um bom exemplo a atuação do Papa Francisco. Quando ainda era cardeal de Buenos Aires, para além de estar atento ao que acontecia à sua volta, envolvia-se em projetos para promover a inclusão e a sadia convivência entre diferentes mundividências.

O cardeal Bergoglio acreditava que a construção de um mundo melhor teria de envolver a juventude. As situações de violência, de marginalização e de egoísmo que assolam o mundo exigem um investimento numa educação intercultural e inter-religiosa que habitue os mais jovens a conviver e a respeitar o diferente. Com esse objetivo impulsionou os programas “Escola de Vizinhos” e “Escolas Irmãs”. No primeiro os estudantes eram desafiados a identificar as problemáticas que afetavam a escola, o bairro ou a cidade e, através do seu envolvimento numa “perspetiva construtiva”, apresentarem propostas e colaborarem na sua resolução. O segundo, promovia redes entre escolas e estudantes, em contextos diferentes, que partilhavam experiências e iniciativas, entreajudando-se.

Estas duas iniciativas estiveram na génese do “Scholas occurrentes”, um organismo integrado na Pontifícia Academia das Ciências do Vaticano, que tem como principal objetivo promover a inclusão social e a cultura do encontro através da tecnologia, da arte e do desporto. O “Scholas” agrega já mais de quatrocentas mil escolas, numa rede que abarca os cinco continentes e dedica uma especial atenção às que têm menores recursos. Terminou ontem o seu congresso mundial, que reuniu em Roma alunos, professores e peritos de quarenta países. Foram apresentados projetos educativos de sucesso e diferentes exemplos de atividades desportivas e artísticas, as quais promovem a atenção às necessidades do outro e à cultura do encontro. E acalentam a esperança de um futuro mais pacífico para o mundo.

São dinâmicas como esta que desafiam os cristãos e a sociedade a abandonar a esterilidade de uma crítica ácida e destrutiva. E que os mobilizam para vencer a resignação perante os males do mundo e a acreditar que é sempre possível fazer alguma coisa, mesmo perante os problemas mais difíceis e complexos.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 06/02/2015)

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