sexta-feira, 3 de abril de 2015

Crítica ao sistema económico

Pietro Grasso, Presidente do Senado italiano e o card. Pietro Parolin
Foto retirada daqui
O Secretário de Estado do Vaticano e o Presidente do Senado Italiano uniram as suas vozes na crítica ao sistema económico vigente, que promove a exploração dos mais fracos e a promiscuidade ente a finança e o poder, durante a apresentação de um volume da revista italiana “Limes”, dedicada ao tema “Moeda e império” , na passada terça-feira em Roma.

O cardeal Parolin denunciou que “os grandes capitais tendem a financiar os poderes estabelecidos e as atividades mais rentáveis”, enquanto o povo se vê arredado do acesso ao crédito.

O senador Pietro Grasso recordou o discurso do Papa ao Parlamento Europeu e a sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, na qual critica a “economia capitalista global dominada pelos poderes financeiros” que subordina ao lucro valores como o da dignidade humana, da democracia e da solidariedade. Em sintonia com o Papa defendeu uma recuperação da “economia real” que produza “bens e valores tangíveis”. Também devem ser subtraídas à lógica do lucro as “empresas de caráter estratégico, que satisfaçam necessidades sociais primárias” e deve-se “reafirmar o seu papel público”. Finalmente, para este magistrado italiano, é preciso reorientar “o fim último da produção”, que deve partir “da pessoa humana, das suas necessidades e das suas expectativas”.

Para corrigir os desvarios do atual sistema económico é decisivo, segundo o líder do Senado, o empenhamento na luta contra a corrupção e o que apelida de “capitalismo criminoso” que acolhe “sem escrúpulos” capitais “sem olhar às suas origens”. Que “não distingue o dinheiro que vem do trabalho, do engenho, da produção ou do empenho, do dinheiro de origem oculta, que resulta do crime, da exploração dos pobres ou o dinheiro de sangue”. Segundo o senador, o sistema económico deve ser reorientado para “o fim único de combater a pobreza e a miséria em coerência com o valor da solidariedade humana e cristã, da misericórdia, destinando os lucros a ajudar os últimos, os fracos, os marginalizados”.

Pietro Grasso apelou a “um verdadeiro sobressalto ético da sociedade civil e da política que imponha aos Estados novas linguagens e novos modelos de relacionamento fundeados, não nos interesses, mas nos princípios e valores”.

Já agora, que resgatasse igualmente a política da subserviência à finança!

(Texto publicado no Correio da Manhã de 03/04/2015)

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