sexta-feira, 15 de maio de 2015

O Papa e a arcebispa

Foto retirada daqui
O Papa Francisco recebeu, no início de maio, a arcebispa luterana de Uppsala, na Suécia, Antje Jackelen. Falou-se sobretudo do diálogo entre os cristãos das diferentes igrejas. “Na realidade, eles não devem ser considerados adversários ou concorrentes, mas reconhecidos por aquilo que são: irmãos e irmãs na fé” disse o Papa. Em consonância, saudou a líder da igreja luterana na Suécia como “querida irmã”.

Nesse encontro o Papa fez questão de sublinhar “a questão da dignidade da vida humana, que deve ser sempre respeitada, assim como o são as temáticas relativas à família, ao matrimónio e à sexualidade, que não podem ser silenciadas ou ignoradas por receio de pôr em perigo o consenso ecuménico já alcançado. Seria lastimável se sobre estas questões se consolidassem novas diferenças confessionais”.

Estas palavras tiveram diferentes leituras. Uns destacam os consensos já conseguidos nas chamadas “questões fraturantes” entre as diferentes igrejas cristãs. Viram nas palavras do Papa um desejo de consolidação desse caminho já percorrido, o qual não exige a mudança da práxis católica nessas matérias para salvar o diálogo ecuménico.

Para outros, o Papa, ao acolher uma mulher ordenada, que apoia o casamento de pessoas do mesmo sexo na igreja, está a dar um sinal de abertura à admissão de mulheres ao sacramento da ordem e dos homossexuais ao sacramento do matrimónio, bem como à revisão da abordagem católica da família e da sexualidade. De facto, ele tem defendido a promoção da mulher na Igreja, que não passa necessariamente pela sua ordenação. E também tem apelado ao acolhimento das pessoas homossexuais, sem nunca pôr em causa o modelo heterossexual do matrimónio católico.

O Papa pediu que se refletisse sobre esta e outras questões relativas à família durante este ano, pelo que as conferências episcopais vão procurar recolher as diferentes sensibilidades no seio da Igreja. Depois, em outubro, o Sínodo dos Bispo procurará ler os contributos dos fiéis espalhados pelo mundo e proporá ao Papa as suas conclusões.

A partir dessa conclusões o Papa Francisco redigirá uma Exortação apostólica que clarificará qual o caminho que a igreja católica irá tomar. E saberemos então quais os procedimentos que serão alterados e quais permanecerão.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 15/05/2015)

Sem comentários:

Enviar um comentário