sexta-feira, 5 de junho de 2015

Futebol e corrupção

O cartão de sócio honorário do Papa
Foto retirada daqui
O Papa Francisco gosta de futebol e até torce por uma equipa: o San Lorenzo de Almagro de Buenos Aires. Tem falado da importância do desporto e do futebol em particular.

“O desporto não é somente uma forma de entretenimento, mas é também um instrumento para comunicar valores que promovem o bem da pessoa humana e ajudam na construção de uma sociedade mais pacífica e fraterna”, disse na mensagem pelo início do último Mundial de Futebol no Brasil. Na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, utilizou várias metáforas do “futebolês”. Por exemplo, desafiou os jovens a serem protagonistas e a “jogar sempre ao ataque” para construir “um mundo melhor, um mundo de irmãos, um mundo de justiça, de amor, de paz, de fraternidade, de solidariedade”.

Apesar de valorizar o desporto, ele está consciente dos aspetos mais controversos e condenáveis em torno do fenómeno desportivo. “O desporto é importante, mas deve ser desporto autêntico! O futebol, como determinadas disciplinas, tornou-se um grande ‘business’! Trabalhai a fim de que não perca a sua índole desportiva” pediu às seleções de Itália e Argentina, numa audiência no dia 13 de agosto de 2013.

Em torno das competições desportivas movimentam-se milhões e, por isso, não é de estranhar que, de tempos a tempos, surjam suspeitas de corrupção, como as que ultimamente foram noticiadas envolvendo a FIFA. O Vaticano já lamentou que, mais uma vez, o futebol esteja sob suspeita e – sublinhando novamente a importância do desporto – apelou a que se tomem medidas para que o futebol mundial seja “limpo” de tudo o que o conspurca.

O Papa Francisco tem, por diversas vezes, criticado a corrupção. Admite que “todos somos pecadores, mas corruptos não”. Chegou mesmo a considerar a corrupção “um mal maior que o pecado” numa audiência que concedeu à Associação Internacional de direito penal, em Outubro do ano passado. “O corrupto não sente a sua corrupção. Acontece como com o mau hálito: dificilmente quem o tem se apercebe de o ter; são os outros que o sentem e que lho devem dizer” referiu nesse encontro.

Normalmente é assim. E parece que foi o que aconteceu com o senhor Joseph Blatter. Ou, então, terá sido o receio de vir a ser detido que o levaram a tomar a decisão de se demitir da FIFA.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 05/06/2015)

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