sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Os pobres em Davos

Foto retirada daqui
Os mais destacados líderes políticos e empresários do mundo refletem sobre a “quarta revolução industrial”. Em Davos, uma pequena localidade dos alpes suíços, decorre o 46º Fórum Económico Mundial, que se iniciou na quarta e termina amanhã. A primeira revolução industrial foi provocada pela máquina a vapor, a segunda pela eletricidade e a terceira pela eletrónica e robótica. A quarta desenvolve-se devido à combinação de diversos fatores e das tecnologias digitais.

Numa mensagem dirigida ao Fórum, o Papa Francisco defende “a necessidade de criar novos modelos empresariais que, enquanto promovem o desenvolvimento de tecnologias avançadas, sejam capazes também de utilizá-las para criar trabalho digno para todos, manter e consolidar os direitos sociais e proteger o meio ambiente”.

O Papa aproveitou ainda para apelar aos mais ricos e poderosos do mundo que não esqueçam os mais pobres. E mais uma vez ergueu a sua voz para denunciar a “cultura do descarte” e da indiferença perante a exclusão e o sofrimento de tantas pessoas, em todo o mundo. “Não devemos permitir jamais que a cultura do bem-estar nos anestesie” Desafiou os que têm nas mãos os destinos do mundo “a garantir que a vinda da ‘quarta revolução industrial’, os efeitos da robótica e das inovações científicas e tecnológicas não levem à destruição da pessoa humana – ao ser substituída por uma máquina sem alma – nem à transformação do nosso planeta num jardim vazio para deleite de poucos escolhidos”.

Na verdade, uma economia e uma tecnologia que não colocam a pessoa humana no centro das suas preocupações, rapidamente resvalam para uma “economia que mata” e uma tecnologia que gera ainda mais exclusão social. O Papa deseja que o Fórum contribua para corrigir essa tendência e promova “a defesa e salvaguarda da criação” e um “progresso que seja mais saudável, mais humano, mais social, mais integral”.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 22/01/2016)

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